SONHO EM MAIO Carta Gabriel de Sousa |
Gostava de ser pássaro. Ter asas para ir além da imaginação. Um sonho, porém, pode tornar tudo possível. Elevei-me no ar. Atravessar o Oceano não deverá ser fácil. Poisei no mastro de vários navios que fui encontrando. Quando me sentia cansado, procurava outros, embora fazendo enormes desvios da rota que tinha traçado. Passaram-se dias. Talvez semanas. Finalmente vi terra.
Baixei ansioso. Para mim o Sol nascia. Em baixo ainda era noite. Atraiu-me uma janela aberta. Entrei, poisei, descansei e olhei ao redor. Espelhado na vidraça da janela, não era um pássaro que ali estava mas eu próprio.
Uma cama. Um lençol branco. Um único pé destapado. Beijei-o e ele escondeu-se, deslizando, sem sobressaltos.
Agora no outro extremo, descortino uma cabeça de mulher, de olhos cerrados, dormindo tranquilamente. Acaricio seus cabelos que me parecem seda.
Fechei ( também eu ) os olhos, e deixei-me ir ao acaso das sinuosidades daquele corpo. Beijei demoradamente os olhos. Procurei cuidadosamente as orelhas que percorri lentamente, para não a despertar. O corpo estava todo nu, também de maquilhagens e de preconceitos. Tudo natural. Apenas o embriagante cheiro de fêmea. Acariciei os seios, cujas pontas pouco a pouco se tornaram rígidas. Desci até ao umbigo, naquele momento o centro do meu Mundo.
Desci um pouco mais e, finalmente, senti umas mãos que carinhosamente me acariciavam a cabeça e pressionavam levemente. Deixei-me ir, resistindo um pouco, apenas para provocar o aumento da pressão. Jogo do gato e do rato.
Sobrevoei a gruta dos amores e voltei àqueles pezinhos ... (Agora reparo que disse «sobrevoei». Linguagem de pássaro ainda não me abandonou. Bom sinal, pois terei de regressar ...) Beijei-os com ternura. Chupei, um a um, todos os seus dedos. Voltei acima, roçando minha face pelas suas pernas. Atardei-me nos joelhos, suavemente...
A atracção por sítios mais íntimos levou-me de novo à aproximação do local de todos os segredos.
Quantos círculos, elipses, espirais desenhei. E tu, agarrando meus cabelos, com as duas mãos, meigamente. Como a querer ensinar-me o caminho. Por fim entrei no Paraíso e ensinaste-me a apreciar o gosto duma Mulher. Sabor a sal. Sabor a mar. Sabor natural. Sabor inexplicável com palavras.
Continuei, sentindo o movimento das tuas ancas, qual cobra dançando o samba mas muito devagarinho ( Como se fosse possível ! ). Olhos fechados. Tudo muito, muito lentamente, pois há momentos que deveriam ser eternos, momentos em que o mundo deveria parar.
De repente acordei com o sonho inacabado. Porque será que tudo o que é bom tem de ter fim? Eu bem fechei os olhos, tentando reatar ou começar tudo de novo. Nada consegui ... Ficou-me a solidão, o escuro e o vazio. Resta-me a possibilidade de conseguir contar o sonho ao objecto dos meus desejos.
Baixei ansioso. Para mim o Sol nascia. Em baixo ainda era noite. Atraiu-me uma janela aberta. Entrei, poisei, descansei e olhei ao redor. Espelhado na vidraça da janela, não era um pássaro que ali estava mas eu próprio.
Uma cama. Um lençol branco. Um único pé destapado. Beijei-o e ele escondeu-se, deslizando, sem sobressaltos.
Agora no outro extremo, descortino uma cabeça de mulher, de olhos cerrados, dormindo tranquilamente. Acaricio seus cabelos que me parecem seda.
Fechei ( também eu ) os olhos, e deixei-me ir ao acaso das sinuosidades daquele corpo. Beijei demoradamente os olhos. Procurei cuidadosamente as orelhas que percorri lentamente, para não a despertar. O corpo estava todo nu, também de maquilhagens e de preconceitos. Tudo natural. Apenas o embriagante cheiro de fêmea. Acariciei os seios, cujas pontas pouco a pouco se tornaram rígidas. Desci até ao umbigo, naquele momento o centro do meu Mundo.
Desci um pouco mais e, finalmente, senti umas mãos que carinhosamente me acariciavam a cabeça e pressionavam levemente. Deixei-me ir, resistindo um pouco, apenas para provocar o aumento da pressão. Jogo do gato e do rato.
Sobrevoei a gruta dos amores e voltei àqueles pezinhos ... (Agora reparo que disse «sobrevoei». Linguagem de pássaro ainda não me abandonou. Bom sinal, pois terei de regressar ...) Beijei-os com ternura. Chupei, um a um, todos os seus dedos. Voltei acima, roçando minha face pelas suas pernas. Atardei-me nos joelhos, suavemente...
A atracção por sítios mais íntimos levou-me de novo à aproximação do local de todos os segredos.
Quantos círculos, elipses, espirais desenhei. E tu, agarrando meus cabelos, com as duas mãos, meigamente. Como a querer ensinar-me o caminho. Por fim entrei no Paraíso e ensinaste-me a apreciar o gosto duma Mulher. Sabor a sal. Sabor a mar. Sabor natural. Sabor inexplicável com palavras.
Continuei, sentindo o movimento das tuas ancas, qual cobra dançando o samba mas muito devagarinho ( Como se fosse possível ! ). Olhos fechados. Tudo muito, muito lentamente, pois há momentos que deveriam ser eternos, momentos em que o mundo deveria parar.
De repente acordei com o sonho inacabado. Porque será que tudo o que é bom tem de ter fim? Eu bem fechei os olhos, tentando reatar ou começar tudo de novo. Nada consegui ... Ficou-me a solidão, o escuro e o vazio. Resta-me a possibilidade de conseguir contar o sonho ao objecto dos meus desejos.
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