quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

De Amor Para Amor...Fátima de Souza

De Amor para amor
De amor para amor
nada resta
nada pode
nada presta
nem tudo é eterno

Faço do meu amor, uma jóia rara
amor inabalável
é tão bom, imutável
dói na alma

O amor faz a diferença
sem escudos no coração
só ele me completa
pedregulhos da inocência
nosso amor, nada pode impedir
mesmo que a vida, não tenha tempo

Razões ou querer
gostem ou desaprovem
que nos neguem o sustento
desse amor sem clareza
à viver de esperança
de um eterno amanhecer

Que o dia acabe
que a noite chegue
que a lua apareça
céu estremeça

Noites claras
as vezes escuras
como os olhos negros
do meu bem querer


Que não tenhas culpas
viver longe
viver a vida
viver com você
viver para você

Chegando ao coração de quem se ama
estreitando nosso amor
sem limitações de promessas
do acordar, e nada curtir  

Chegando ao coração de quem se ama
com fome de amar
podendo falar
és meu bem querer
sem medo de esconder
feliz a sonhar

Chegando ao coração de quem se ama
não é pecado falar
deixa eu te amar
procuro um abrigo
sem medo de errar
nosso amor é um condor
vivi a peregrinar

Fátima de Souza
Salvador BA
28/12/2008 às 14h30min

Meus Oito Anos... Casimiro de Abreu.

Meus Oito Anos
Casimiro de Abreu
Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !

Como são belos os dias
Do despontar da existência !
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor !

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !

Oh ! dias da minha infância !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar !

.........................................................................................

Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !

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Salmo do Dia!!

SALMO NÚMERO 131 
  1. Senhor, o meu coração não é soberbo, nem os meus olhos são altivos; não me ocupo de assuntos grandes e maravilhosos demais para mim.
  2. Pelo contrário, tenho feito acalmar e sossegar a minha alma; qual criança desmamada sobre o seio de sua mãe, qual criança desmamada está a minha alma para comigo.
  3. Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre.

Vc Sabia ?...

Produzimos cerca de 1 litro de saliva dia?

Arte da Safira!

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Azulão E Os Tico-Ticos...Catulo da Paixão Cearense

O AZULÃO E OS TICO-TICOS
  Catulo da Paixão Cearense

 Do começo ao fim do dia,
um belo azulão cantava, 
e o pomar que atento ouvia
os seus trilos de harmonia
cada vez mais se enflorava.
Se um tico-tico e outros bobos
vaiavam sua canção, 
mais doce ainda se ouvia
a flauta desse azulão.
Um papagaio, surpreso
de ver o grande desprezo 
do azulão, que os desprezava,
um dia em que ele cantava
e um bando de tico-ticos 
numa algazarra o vaiava, 
lhe perguntou: " Azulão,
olha, diz-me a razão
por que, quando estás cantando
e recebes uma vaia 
desses garotos joviais,
tu continuas gorgeando,
e cada vez cantas mais?!"
Numas volatas sonoras,
o azulão lhe respondeu:
"meu amigo, eu prezo muito
esta garganta sublime,
este dom que Deus me deu!
Quando há pouco, eu descantava,
pensando não ser ouvido 
nestes matos ,por ninguém,
um sabiá que me escutava,
num capoeirão , escondido,
gritou de lá: "meu colega,
bravo!....Bravo!...Muito bem!"
Queira agora me dizer:-
quem foi um dia aplaudido
por um dos mestres do canto,
um dos cantores mais ricos 
que caso pode fazer
das vaias dos tico-ticos?!" 
 

Quero Que Vá Tudo Pro Inferno - Roberto Carlos...


Quero Que Vá Tudo Pro Inferno - Roberto Carlos

Almada 2010 Gabriel de Sousa(poeta2811)

ALMADA 2010
Gabriel de Sousa
(poeta2811)
1

Com o Cristo Rei ao fundo
E o Tejo a deslizar,
Almada mostra-se ao Mundo
Nos arraiais a cantar.

2

Vem festejar São João
Até à noite em Almada
E cantar até mais não
Nesta terra abençoada.

3

Vamos todos festejar
O São João em Almada…
…Mesmo Cristo vai cantar
E comer sardinha assada!

Choir Babies: You Make Me Wanna POUT!!


Choir Babies: You Make Me Wanna POUT!

A Baratinha


A Baratinha 

Momento de Sorrir!

Xixi Chique
Momento de Sorrir...

Salmo do Dia!!

SALMO NÚMERO 31
1 - Em ti, Senhor, me refugio; nunca seja eu envergonhado; livra-me pela tua justiça!
2 - Inclina para mim os teus ouvidos, livra-me depressa! Sê para mim uma rocha de refúgio, uma casa de defesa que me salve!
3 - Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; pelo que, por amor do teu nome, guia-me e encaminha-me.
4 - Tira-me do laço que me armaram, pois tu és o meu refúgio.
5 - Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me remiste, ó Senhor, Deus da verdade.
6 - Odeias aqueles que atentam para ídolos vãos; eu, porém, confio no Senhor.
7 - Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois tens visto a minha aflição. Tens conhecido as minhas angústias,
8 - e não me entregaste nas mãos do inimigo; puseste os meus pés num lugar espaçoso.
9 - Tem compaixão de mim, ó Senhor, porque estou angustiado; consumidos estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu corpo.
10 - Pois a minha vida está gasta de tristeza, e os meus anos de suspiros; a minha força desfalece por causa da minha iniqüidade, e os meus ossos se consomem.
11 - Por causa de todos os meus adversários tornei-me em opróbrio, sim, sobremodo o sou para os meus vizinhos, e horror para os meus conhecidos; os que me vêem na rua fogem de mim.
12 - Sou esquecido como um morto de quem não há memória; sou como um vaso quebrado.
13 - Pois tenho ouvido a difamação de muitos, terror por todos os lados; enquanto juntamente conspiravam contra mim, maquinaram tirar-me a vida.
14 - Mas eu confio em ti, ó Senhor; e digo: Tu és o meu Deus.
15 - Os meus dias estão nas tuas mãos; livra-me das mãos dos meus inimigos e dos que me perseguem.
16 - Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo; salva-me por tua bondade.
17- Não seja eu envergonhado, ó Senhor, porque te invoco; envergonhados sejam os ímpios, emudeçam no Seol.
18- Emudeçam os lábios mentirosos, que falam insolentemente contra o justo, com arrogância e com desprezo.
19 - Oh! quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, a qual na presença dos filhos dos homens preparaste para aqueles que em ti se refugiam!
20- No abrigo da tua presença tu os escondes das intrigas dos homens; em um pavilhão os ocultas da contenda das línguas.
21 - Bendito seja o Senhor, pois fez maravilhosa a sua bondade para comigo numa cidade sitiada.
22 - Eu dizia no meu espanto: Estou cortado de diante dos teus olhos; não obstante, tu ouviste as minhas súplicas quando eu a ti clamei.
23 - Amai ao Senhor, vós todos os que sois seus santos; o Senhor guarda os fiéis, e retribui abundantemente ao que usa de soberba.
24 - Esforçai-vos, e fortaleça-se o vosso coração, vós todos os que esperais no Senhor.

Vc Sabia ?...

São necessários 21 dias para um pintinho
sair de seu ovo?

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Estória de João-Joana - Carlos Drummond de Andrade e Sérgio Ricardo

Estória de João-Joana
Carlos Drummond
de Andrade
e Sérgio Ricardo

Meu leitor, o sucedido
em Lajes do Caldeirão
é caso de muito ensino,
merecedor de atenção.
Por isso é que me apresento
fazendo esta relação.

Vivia em dito arraial
do país das Alagoas
um rapaz chamado João
cuja força era das boas
pra sujigar burro bravo,
tigres, onças e leoas.
João, lhe deram este nome
não foi de letra em cartório
pois sua mãe e seu pai
viviam de peditório.
Gente assim do miserê
nunca soube o que é casório.


Ficou sendo João, pois esse
é nome de qualquer um.
Não carece excogitar,
pedir a doutor nenhum,
que a sentença vem do Céu,
não de lá do Barzabum.

De pequeno ficou órfão,
criado por seus dois manos.
Foi logo para o trabalho
com muitos outros fulanos
e seu muque, sem mentira,
era o de três otomanos.

Na enxada, quem que vencia
aquele tico de gente.
No boteco, se ele entrava
pra bochechar aguardente,
o saudavam com respeito
Deus lhe salve, meu parente.

João moço não enjeitava
parada com sertanejo.
Podiam brincar com ele
sem carregar no gracejo.
Dizia que homem covarde
não é cabra, é percevejo.

Um dia de calor desses
que tacam fogo no agreste,
João suava  que suava
sem despir a sua veste.
Companheiro, essa camisa
não é coisa que moleste?

lhe perguntou um amigo
que estava de peito nu.
E João se calado estava
nem deu pio de nambu.
Ninguém nunca viu seu pêlo,
nem por trás do murundu.

João era muito avexado
na hora de tomar banho.
Punha tranca no barraco
fugindo a qualquer estranho.
Em Lajes nenhum varão
tinha recato tamanho.

João nas últimas semanas
entrou a sofrer de inchaço.
Mesmo assim arranca toco
sem se carpir de cansaço.
Um dia, não güenta mais,
exclama: O que é que eu faço?

Os manos vendo naquilo
coisa mei desimportante,
logo receitam de araque
meizinha sem variante
para qualquer macacoa:
Carece tomar purgante.

João entrou no purgativo
louco de dor e de medo
se entorcendo e contorcendo
na solidão do arvoredo
pois ele em sua aflição
lá se escondera bem cedo.
O gemido que exalava
do peito de João sozinho
alertou os seus dois manos
que foram ver de mansinho
como é que aquele bravo
se tornara tão fraquinho.


No chão de terra, essa terra
que a todos nós vai comer,
chorava uma criancinha
acabada de nascer,
E João, de peito desnudo,
acarinhava este ser.

Aquela cena imprevista
causou a maior surpresa.
O que tanto se ocultara
se mostrava sem defesa.
João deixara de ser João
por força da natureza.

A mulher surgia nele
ao mesmo tempo que o filho,
tal qual se brotassem junto
a espiga com o pé de milho,
ou como bala que estoura
sem se puxar o gatilho.

Se os manos levaram susto,
até eu, que apenas conto.
E o povo todo, assuntando
a estória ponto por ponto,
ficou em breve inteirado
do que aí vai sem desconto.

Nem menino nem menina
era João quando nasceu.
A mãe, sem saber ao certo,
o nome de João lhe deu,
dizendo: Vai vestir calça
e não saia que nem eu.

à proporção que crescia
feito animal na campina,
em João foi-se acentuando
a condição feminina,
mas ele jamais quis ser
tratado feito menina.

Pois nesse triste povoado
e cem léguas ao redor,
ser homem não é vantagem
mas ser mulher é pior.
Quem vê claro já conclui:
de dois males o menor.

Homem é grão de poeira
na estrada sem horizonte;
mulher nem chega a ser isso
e tem de baixar a fronte
ante as ruindades da vida,
de altura maior que um monte.

A sorte, se presenteia
a todos doença e fome,
para as mulheres capricha
num privilégio sem nome.
Colhe miséria maior
e diz à coitada: Tome.

É forma de escravidão
a infinita pobreza,
mas duas vezes escrava
é a mulher com certeza,
pois escrava de um escravo
pode haver maior dureza?

Por isso aquela mocinha
fez tudo para iludir
aos outros e ao seu destino.
Mas rola não é tapir
e chega lá um momento
da natureza explodir.

João vira Joana: acontecem
dessas coisas sem preceito.
No seu colo está Joãozinho
mamando leite de peito.
Pelo menos esse aqui
de ser homem tem direito.

De ser homem: de escolher
o seu próprio sofrimento
e de escrever com peixeira
a lei do seu mandamento
quando à falta de outra lei
ou eu fujo ou arrebento.

Joana desiste de tudo
que ganhara por mentira.
Sabe que agora lhe resta
apenas do saco a embira.
E nem mesmo lhe aproveita
esta minha pobre lira.

Saibam quantos deste caso
houverem ciência, que a vida
não anda, em favor e graça,
igualmente repartida,
e que dor ensombra a falta
de amor, de paz e comida.

Meu leitor (não eleitor,
que eu nada te peço a ti
senão me ler com paciência
de Minas ao Piauí):
tendo contado meu conto,
adeus, me despeço aqui.

Esse cordel musical de autoria de Carlos Drummond de Andrade e Sérgio Ricardo, foi gravado no Estúdio Transamérica - Rio de Janeiro, em fevereiro, março e abril de 1985, com voz e arranjo de Sérgio Ricardo, orquestração de Radamés Gnattali e regência de Alexandre Gnattali.

Foi extraído do livro "Carlos Drummond de Andrade - Poesia Completa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 2002, pág. 617.

Jeca Tatu - Catulo da Paixão Cearense


Jeca Tatu
Catulo da Paixão Cearense
Não teje vancê jurgando
Que eu seje argum canguçu
Não sou não, seo conseiêro
Sou caboclo... sou violeiro...
E vivo naquelas mata
Cumo veve um sanhaçu
Vanssuncê já me cunhece
Eu sou o Jeca Tatu
Peguiçoso? Madracero?
Não sinhô, seo senadô
Não sinhô, seo conseiêro
É pruque vancê num sabe
O que seje um boiadero
Criá com tanto cuidado
Com tanto amô e aligria
Umas cabeça de gado
E despois, a ipidimia
Carregá tudo com os diabo
Em meno de quatro dia...
É pruque vancê num sabe
O trabaio desgraçado
Que um homi tem, seo dotô
Pra incoivará um roçado
E quando o ouro do mio
Vai ficando imbonecado
Pra gente intonce coiê
O mio morre de sede
Pulo só estorricado
Sequinho cumo vancê
É pruque vancê num sabe
Quanto é duro um pai sofrê
Vendo seo fio crescendo
Dizendo sempre: papai,
Vem me ensiná o A-B-C
Preguiçoso? Madracero?
Não sinhô, seo conseiêro...
Vancê não sabe de nada
Vancê não sabe a corage
Que é preciso um homi tê
Pra corrê nas vaquejada
Vossa incelença não sabe
O valô de um sertanejo
Acerando uma queimada
Vancê tem um casarão
Tem um jardim, uma chácra
Tem criado de casaca
E ganha tudos os dia
Qué chova, qué faça sór
Só pra falá, contos de ré
Eu trabaio o ano inteiro
Somente quando Deus qué
Eu vivo do meu roçado
Me estarfando como um burro
Pra sustentá oito fio
Minha mãe e minha muié
Eu drumo im riba de um couro
Numa casa de sapé
Vancê tem seu artomóve
Eu, pra vim no povoado
Ando déis légua a pé
Neste mês amarfadado
Pru via de num chovê
Via a roça do feijão
Cum farta dágua morrê
O sór teve tão ardente
Lá pras banda do sertão
Que meno de quinze dia
Perdi toda criação...
Na semana retrasada
O vento, tanto ventô
Que a páia que cobre a choça
Foi pulos mato, avuô
Minha muié tá morrendo
Só pri farta de mpezinha
E pru farta de um dotô
Preguiçoso? Madracero?
Não sinhô, seo conseiêro
De lei, lezes, eu num sei nada
Meu palaço é de sapé
Quem dá lezes pra famía
É minha boa muié
Eu sou fromado oito vêis
Eu sou também conseiêro
Pruque tenho oito fiínho
E quem dá lezes pra minha arma
É as déis corda do meu pinho
Vancê qué sê presidente?
Apois seje, meu patrão
Nóis já ficava contente
Se vancê desse pra gente
Um restozinho de pão...
A nossa terra, o Brasí
Já tem muita intiligença
Muito homi de sabença
Que só dá pra espertáião
Leva o diabo a falação
Pra sarvá o mundo intero
Abasta tê coração...
Pros homi de intiligença
Trago comigo essa figa
Esses homi tem cabeça
Mais porém, o que é mais grande
Do que a cabeça, é a barriga...
Vancê leva nesses livros
Lendo, lendo a tuda hora
Mas porém eu só queria
Cunhecê, seo conseiêro
O que vancê ignora
E abasta, já vô mimbora...
e ó!
Se um dia vancê quisé
Passá uns dia de fome
De fome e tarveis de sede
E drumi lá numa rede
Numa casa de sapé
Vá passá cumigo uns tempo
Nos mato do meu sertão
Que eu hei de lhe abri a porta
Da choça e do coração
Eu vorto pros matagá
Mas porém oiça premero
Vancê pode nois xingá
Nois chamá de madracero
Pruque nós, seo conseiêro
Num qué mais sê bestaião
Vá tratá das inleição
E voismecê hai de vê
Pitando seu cachimbão
O Jeca Tatu se rindo, aqui
Cuspindo, sempre cuspindo
Cum queixo im riba da mão...
Eu sei que sô um animá
Eu não sei memo o que eu sô...
Mais porém eu lhe agaranto
Que o que vancê já falô
E o que ainda tem de falá
E o que tem de escrevê...
Todo, todo o seu sabê
E toda a sua saranha
Num vale uma palavrinha
Daquelas coisa bonita
Que Jesus numa tardinha
Disse em riba da montanha

(Em Boldrin, Rolando (org.). Empório Brasil; atos e artefatos. São Paulo, Clube do Livro / Melhoramentos, 1988, p.92-97)

Poesia Matuta Helvia Callou

Poesia Matuta
Helvia Callou
Minino você não sabe
O que está me acontecendo
Minha fama de poeta
Pouco a pouco vai crescendo
Pois me botaram num site
Agora a turma sosaite
Vê o que tô escrevendo
E para os meus conterranios
Que não conhece o artigo
Não tem problema nenhum
Presti atenção no que eu digo!
O site é um desses pograma
Que ajuda a gente a ter fama
E distribuir com os amigo."

Homenagem da cordelista "Hélvia Callou"
ao CORDEL CAMPINA

Entre o Sono e o Sonho - Fernando Pessoa

Entre o Sono e o Sonho
Fernando Pessoa
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim. 
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem. 
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou. 
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim.

A Rua dos Cataventos - Mário Quintana

 
 A Rua dos Cataventos
Mário Quintana
 
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
 
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
 
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
 
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

Salmo do Dia!!

SALMO NÚMERO 12
  1. Salva-nos, Senhor, pois não existe mais o piedoso; os fiéis desapareceram dentre os filhos dos homens.
  2. Cada um fala com falsidade ao seu próximo; falam com lábios lisonjeiros e coração dobre.
  3. Corte o Senhor todos os lábios lisonjeiros e a língua que fala soberbamente,
  4. os que dizem: Com a nossa língua prevaleceremos; os nossos lábios a nós nos pertencem; quem sobre nós é senhor?
  5. Por causa da opressão dos pobres, e do gemido dos necessitados, levantar-me-ei agora, diz o Senhor; porei em segurança quem por ela suspira.
  6. As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada numa fornalha de barro, purificada sete vezes.
  7. Guarda-nos, ó Senhor; desta geração defende-nos para sempre.
  8. Os ímpios andam por toda parte, quando a vileza se exalta entre os filhos dos homens.

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A Origem das Coisas...

SUTIÃ
Foi uma nova-iorquina quem criou o moderno sutiã em 1913. Cansada de corpetes de ossos de baleias e dos espartilhos, Mary Phelps Jacob, com a ajuda de sua empregada francesa, montou sua invenção usando dois lenços e fitas cor-de-rosa. Criou uma peça macia e que sustentava os seios com firmeza, o protótipo do sutiã moderno.

Vc Sabia ?...

22 ossos formam o esqueleto da cabeça?

Pensamento do Dia!

"É sério, mas é surrealista."
Afirmação atribuída ao ex-presidente francês
Charles de Gaulle de que o Brasil não é um país sério.

[ Jorge Amado ]

Momento de Sorrir!

Humor
Mas que escapadinha...

Arte da Safira!

Arte da Safira!!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Você e Eu - Vinìcius de Moraes

Você e Eu
 Vinícius de Moraes

Podem me chamar e me pedir
E me rogar e podem mesmo falar mal,
Ficar de mal, que não faz mal,
Podem preparar milhões de festas ao luar
Que eu não vou ir, melhor nem pedir
Que eu não vou ir, não quero ir,
E também podem me entregar
E podem mesmo imaginar
O que melhor lhe parecer
Podem espalhar
Que estou cansado de viver
E que é uma pena
Para quem me conhecer
Eu sou mais você e eu.

Noite de Inverno - Olavo Bilac

Noite de inverno
Olavo Bilac
Sonho que estás à porta...
Estás – abro-te os braços! – quase morta,
Quase morta de amor e de ansiedade...
De onde ouviste o meu grito, que voava,
E sobre as asas trêmulas levava
As preces da saudade?

Corro à porta... ninguém! Silêncio e treva.
Hirta, na sombra, a Solidão eleva
Os longos braços rígidos, de gelo...
E há pelo corredor ermo e comprido
O suave rumor de teu vestido,
E o perfume subtil de teu cabelo.

Ah! se agora chegasses!
Se eu sentisse bater em minhas faces
A luz celeste que teus olhos banha;
Se este quarto se enchesse de repente
Da melodia, e do clarão ardente
Que os passos te acompanha:

Beijos, presos no cárcere da boca,
Sofreando a custo toda a sede louca,
Toda a sede infinita que os devora,
- Beijos de fogo, palpitando, cheios
De gritos, de gemidos e de anseios,
Transbordariam por teu corpo afora!...

Rio aceso, banhando
Teu corpo, cada beijo, rutilando,
Se apressaria, acachoado e grosso:
E, cascateando, em pérolas desfeito,
Subiria a colina de teu peito,
Lambendo-te o pescoço...

Estrela humana que do céu desceste!
Desterrada do céu, a luz perdeste
Dos fulvos raios, amplos e serenos;
E na pele morena e perfumada
Guardaste apenas essa cor dourada
Que é a mesma cor de Sírius e de Vênus.

Sob a chuva de fogo
De meus beijos, amor! terias logo
Todo o esplendor do brilho primitivo;
E, eternamente presa entre meus braços,
Bela, protegerias os meus passos,
-Astro formoso e vivo!

Mas... talvez te ofendesse o meu desejo...
E, ao teu contacto gélido, meu beijo
Fosse cair por terra, desprezado...
Embora! que eu ao menos te olharia,
E, presa do respeito, ficaria
Silencioso e imóvel a teu lado.

Fitando o olhar ansioso
No teu, lendo esse livro misterioso,
Eu descortinaria a minha sorte...
Até que ouvisse, desse olhar ao fundo,
Soar, num dobre lúgubre e profundo,
A hora da minha morte!

Longe embora de mim teu pensamento,
Ouvirias aqui, louco e violento,
Bater meu coração em cada canto;
E ouvirias, como uma melopéia,
Longe embora de mim a tua idéia,
A música abafada de meu pranto.

Dormirias, querida...
E eu, guardando-te, bela e adormecida,
Orgulhoso e feliz com o meu tesouro,
Tiraria os meus versos do abandono,
E eles embalariam o teu sono,
Como uma rede de ouro.

Mas não vens! não virás! Silêncio e treva...
Hirta, na sombra, a Solidão eleva
Os longos braços rígidos de gelo;
E há, pelo corredor ermo e comprido,
O suave rumor de teu vestido
E o perfume subtil de teu cabelo...

Estrela da Tarde- José Régio

Estrela da Tarde
José Régio
O que de todos esperara, há quanto
Que todos, um por um, mo sonegaram!
Meus lábios sem razão os verberaram,
Saiba-me a boca, embora, a amargo e a espanto.

Pois que lhes dava eu, pedindo tanto?
A mim próprio, que dei? Sons que esvoaçaram...
A vida não perdoa aos que a frustraram!
E a vida me atirou para o meu canto.

á, como quem, para morrer, se estira
No limiar da casa abandonada,
E olhando os céus, inda sorri, respira,

A Ti levanto os olhos do meu nada...
Recebe Tu (ou também és mentira?)
Minhalma de nós todos recusada!

Menina Você Que Tem...


Menina Você Que Tem

Eu Sou Rica(Pobreza Pega) DJ Rafael LelisFeat. Vj José Del Duca...



Eu Sou Rica (Pobreza Pega) -
DJ Rafael Lelis Feat. VJ José Del Duca

Não se Mate - Carlos Drummond de Andrade

NÃO SE MATE
Carlos Drummond de Andrade
 Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê,
pra quê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém, ninguém sabe nem saberá. 

Amor - Luiz Vaz de Camões

(Obra de Salvador Dali)
AMOR
Luiz Vaz de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem-querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder

É um estar-se preso por vontade;
É servir, a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode o seu favor
Nos mortais corações conformidade,
Sendo a si tão contrário o mesmo Amor ?

Céus!! Bocage

Céus! 
Bocage


Ó Céus! Que sinto nalma! Que tormento!
Que repentino frenesi me anseia!
Que veneno a ferver de veia em veia
Me gasta a vida, me desfaz o alento!
 
Tal era, doce amada, o meu lamento;
Eis que esse deus, que em prantos se recreia,
Me diz: A que se expõe quem não receia
Contemplar Ursulina um só momento!
 
Insano! Eu bem te vi dentre a luz pura
De seus olhos travessos, e cum tiro
Puni tua sacrílega loucura:

De morte, por piedade hoje te firo;
Vai pois, vai merecer na sepultura
À tua linda ingrata algum suspiro.