"Faquir" João Rui de Sousa |
Talvez nem fosse amor o que doía
nestas palavras de água, neste frio
de névoa e amargura e poesia
misturadas na cal que forma um rio:
o rio de te sentir e de cantar
numa ardósia de mágoa ou neste lírio
a flutuar aqui como um vidro
quase a explodir na mão,
quase a partir-se.
Nem sei sequer se apenas era ouvir
o som deste palhaço que aqui mexe
cansado de ser dor forçado a rir...
Mas sei dum escasso ardor
que amadurece:
fugir na ébria espada dum faquir
para salvar o pouco que me reste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário