segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Faquir... João Rui de Sousa.

 "Faquir"
João Rui de Sousa
Talvez nem fosse amor o que doía 
nestas palavras de água, neste frio 
de névoa e amargura e poesia 
misturadas na cal que forma um rio:

o rio de te sentir e de cantar 
numa ardósia de mágoa ou neste lírio 
a flutuar aqui como um vidro 
quase a explodir na mão,
quase a partir-se.

Nem sei sequer se apenas era ouvir 
o som deste palhaço que aqui mexe 
cansado de ser dor forçado a rir...

Mas sei dum escasso ardor
que amadurece: 
fugir na ébria espada dum faquir 
para salvar o pouco que me reste. 

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