quinta-feira, 2 de abril de 2015

Grita Coração... Maria Kátia Saldanha

Grita Coração
Grita, coração! Urra de uma vez,
desabriga-se do seu recolhido canto
vem descobrir a vida onde nada fez
engole teu pranto e sai deste teu escuro castelo.

Grita, coração! Ainda ressoa tua velha  voz
que te chama, clemente, à razão desta vã solidão,
e te busca para desatar as amarras desta dor atroz
que atravancou-se dentro de ti depois da sepultação.

Grita, coração! A vida há muito passou por tua fraqueza
abre-se para a alegria que te espera em mundo novo
expressa teu real sentimento e da opressão se liberta
vai, segue o ritmo da última melodia que alegre cantarolava.

Grita, coração! Deixa as lágrimas da vergonha escorrer
esse dolorido redemoinho que desde a partida te corroía
deixa os elos das âncoras que prendia seguir as ondas do mar
eles irão amanhecer em ensolarada e acolhida ilha.

Grita, coração! Sepulta tuas dores, não teu amor
da morte não podes fugir, ainda que seja sem um aceno de despedida
abra as asas, livra-se, deste aterramento onde quis se acobertar
desprende tuas mágoas, da obscuridade, que uma especial luz te espera.

Grita, coração, a alegria de outrora
rompe os laços que te esmagavam e amargava
e espera coração, novos dias, e estrela luzidia,
festeja em vale verdejante tua florida e renovada estrada.

Grita, coração! Grita para a vida sorridente
teu adormecer eterno vai estar em qualquer poente ou nascente,
lança mão do que estar por vir que a solidão não mais te fere,
leva coração, leva teu passado, mais vive o presente.

Maria Kátia Saldanha

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