desabriga-se do seu recolhido canto
vem descobrir a vida onde nada fez
engole teu pranto e sai deste teu escuro castelo.
Grita, coração! Ainda ressoa tua velha voz
Grita, coração! Ainda ressoa tua velha voz
que te chama, clemente, à razão desta vã solidão,
e te busca para desatar as amarras desta dor atroz
que atravancou-se dentro de ti depois da sepultação.
Grita, coração! A vida há muito passou por tua fraqueza
Grita, coração! A vida há muito passou por tua fraqueza
abre-se para a alegria que te espera em mundo novo
expressa teu real sentimento e da opressão se liberta
vai, segue o ritmo da última melodia que alegre cantarolava.
Grita, coração! Deixa as lágrimas da vergonha escorrer
Grita, coração! Deixa as lágrimas da vergonha escorrer
esse dolorido redemoinho que desde a partida te corroía
deixa os elos das âncoras que prendia seguir as ondas do mar
eles irão amanhecer em ensolarada e acolhida ilha.
Grita, coração! Sepulta tuas dores, não teu amor
Grita, coração! Sepulta tuas dores, não teu amor
da morte não podes fugir, ainda que seja sem um aceno de despedida
abra as asas, livra-se, deste aterramento onde quis se acobertar
desprende tuas mágoas, da obscuridade, que uma especial luz te espera.
Grita, coração, a alegria de outrora
Grita, coração, a alegria de outrora
rompe os laços que te esmagavam e amargava
e espera coração, novos dias, e estrela luzidia,
festeja em vale verdejante tua florida e renovada estrada.
Grita, coração! Grita para a vida sorridente
Grita, coração! Grita para a vida sorridente
teu adormecer eterno vai estar em qualquer poente ou nascente,
lança mão do que estar por vir que a solidão não mais te fere,
leva coração, leva teu passado, mais vive o presente.
Maria Kátia Saldanha
Maria Kátia Saldanha
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