Homenagem ao painho e marido. Em memória

PARTIU
Maria Kátia Saldanha
Para Meu Painho
Saudades!

PARTIU
NEM UM BEIJO ME DEU
FOI EMBORA NA MADRUGADA
SENTINDO UMA DOR AGUDA
QUE NO PEITO MACHUCAVA

SEU OLHAR AFLITO
PARA NÓS OLHAVA
COMO PEDINDO ALGO,
SUA ALMA CLAMAVA
LEMBRANÇAS, TALVEZ, PASSADAS
QUEM SABE SAUDADES DO QUE NÃO FEZ

PARTIU
LEVOU NA MEMÓRIA SUAS ALEGRIAS
SEUS DOCES SONHOS, SUAS NOSTALGIAS
PLANOS FUTUROS TRAÇADOS EM RASCUNHOS
SORRISO QUE DOS LÁBIOS ILUMINAVA OS OLHOS

PARTIU
E NA LEMBRANÇA CONTINUA IGUAL
SEU ANDAR ALTIVO, SEU GESTO IMPONETE
UM OLHAR INDESCRITIVEL, ENTRE A DOÇURA E AMOR
MÃOS CALOROSAS, COMO PUDESSE TODO MEDO AFASTAR
FERIDO, O CÉU SE ENCOBRIA, QUAL VERDE CHUMBO DO SEU FITAR
ERA COMO SE RELÂMPAGOS NA SUA CARNE ENTANHASSE
E POR LÁ SEUS RAIOS NO SEU INTERIOR EM CHAMAS FICASSE

PARTIU
E AINDA NÃO CONSIGO DIZER-TE ADEUS
ANOS SE PASSARAM E EM MIM CONTINUAS VIVO
NEM PRECISO MEUS OLHOS FECHAR PARA TE ENCONTRAR
PARA MEUS INTIMOS SEGREDOS DECIFRAR

PARTIU
CLARAMENTE CHEGAS NAS AFLIÇÕES
QUANDO NAS NOITES ME ABATE O MEDO
SINTO SUA PRESENÇA, E SEU COLO ME CONSOLA
COMO UMA RECÉM NASCIDA CRIANÇA
ADORMEÇO, SENTINDO SEU PERFUME IMPREGNAR MEU LEITO
PARA O MUNDO PARTIU,
PARA MIM,
UMA BRILHANTE ESTRELA
DA MINHA PARTICULAR CONSTELAÇÃO
SURGIU