segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Folhas(poesia)Gabriel de Sousa(poeta2811)



FOLHAS
(poesia)
Gabriel de Sousa
(poeta2811)
No Outono, olho as folhas das árvores
e os seus mil tons verde-acastanhados.
Em breve estarão secas, bem recortadas,
cairão e serão arrastadas pelo vento, sem destino…

Penso nelas ao folhear a minha agenda no fim de cada ano.
Algumas páginas lembram-me pessoas que ainda cá estão.
Outras, imaculadamente brancas,
lembram-me que naquele dia nada aconteceu,
que vim do Nada e no Nada me tornarei.
Outras ainda, aparentemente virgens,
estão prenhas de belas recordações:
nada lá está mas, no entanto,
ao folhear a agenda, em breve caduca,
recordo amigos que desapareceram
e pessoas queridas que habitaram o meu coração.
O número, a data, servem de código imaginativo
para rever episódios há muito tempo arquivados
nas gavetas invisíveis da minha memória.

Como as árvores, elas deram-me paz e amizade.
Como as folhas, vi-as esvoaçar e desaparecer sem destino.
Mas estas não poderão reverdecer…
…Viverão apenas como pensamentos, sombras e sonhos,
até o ciclo da minha vida se acabar.

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