segunda-feira, 11 de março de 2013

Sou Mão Calejada...Maria Kátia Saldanha

Sou Mão Calejada

Sou a mão calejada do carpir áspera terra,
sou o não de uma vida agreste de água barrenta,
não sou diminuição,sou fruto de repartido pão
que soube compartilhar, mas, não obtive perdão.

Sou a telha de vidro de qualquer casario
que olha os pingos de chuva cair no vazio,
em dias cinzentos, nevoento de inverno frio
despida d'alma em corpo esquecido no extinto vinho.

Sou a folha que ampara o pranto,
desfeita e alquebrada aos seus desenganos,
das distantes lágrimas que cobriu meu manto,
do desejo louco partido em negreiro navio.

Sou aquela ave vagante
que pousou em ninho errante,
sem destino voou itinerante
alçou voo em dia equidistante.

Sou aquela de mão calejada,
repleta de sombras e mágoas,
da água barrenta de terra rachada
que não canta em fonte, por ser foz errante.

Sou tabuleiro sem peça, sou fosso fundo,
sou céu deses trelado sem pirilampos em noites clareando,
sou o breu do mundo, que foi destruído em minutos
crendo no amor por milésimos segundos.


Maria Kátia Saldanha

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