quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Redenção do Malandro(ou Homenagem ao Malandro de Chico Buarque) Jorge Filholini

A Redenção do Malandro
(ou Homenagem ao Malandro de Chico Buarque)
Jorge Filholini
Passam-se os tempos de carnavais
e o malandro não continua o mesmo.
Certamente a moda mudou
e o malandro não é mais da nata que o consagrou.

Hoje ele é pai,
tem casa própria e um Opala
Aposentou o engomado terno branco
e perdeu o lenço brando na Lapa
Pendurou o chapéu,
arrancou o bigode
e foi trabalhar,
não quer mais vadiar.
Desce o morro sem dançar,
perdeu o compasso
e agora só dá pala

Quem te viu, quem te vê, malandro
Não é mais da cachaça,
agora só toma guaraná
Volta cedo do expediente
senão o coro come lá
Vai pra igreja todo domingo,
reza aos pés do bom São Sebastião
Pede ao justo que lhe tire os pecados numa triste oração

Do cabaret ginga longe, distante
Abaixa a cabeça pro's novos malandros, ficando moribundo
Paga as contas em dia, quem diria!
E joga fora o tabaco que o consumia

Que vida é essa, malandro
Você não é mais amado,
muito menos galanteado
Antes com mulheres aos pés,
hoje elas vivem ao léu

Mas não seja fraco, malandro
Você está vivendo um novo eixo
Mas cuidado pra não quebrar o queixo
Dessa fase imutável pra poucos
Que no asfalto eram famosos
De uma vida boêmia que só retorna em sonhos.

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