segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Poema da Gratidão...Amélia Rodrigues



POEMA DA GRATIDÃO
AMÉLIA RODRIGUES
(Página  psicografada
por Divaldo Pereira Franco)
Senhor Jesus, muito obrigada!
 Pelo ar que nos dás,
 Pelo pão que nos destes,
 Pela roupa que nos vestes,
 Pela alegria que possuímos,
 Por  tudo de que nos nutrimos.

Muito obrigada, pela beleza da paisagem,
 Pelas aves que voam no céu de anil,
 Pelas Tuas Dádivas mil!

Muito obrigada, Senhor!
 Pelos olhos que temos...
 Olhos que vêem o céu, que vêem a terra e o mar,
 Que contemplam toda beleza!
 Olhos que se iluminam de amor,
 Ante o majestoso festival de cor da generosa Natureza!

E os que perderam a visão?
 Deixa-me rogar por eles,
 Ao teu nobre coração!
 Eu sei que depois desta vida,
 Além da morte,
 Voltarão a ver com alegria incontida...

Muito obrigada, pelos ouvidos meus,
 Pelos ouvidos que me foram dados por Deus.
 Obrigada, Senhor, porque posso escutar
 O Teu nome sublime, e , assim, posso amar.
 Obrigada pelos ouvidos que registram:
 A sinfonia da vida,
 No trabalho, na dor, na lida...
 O gemido e o canto do vento nos galhos do olmeiro,
 As lágrimas doridas do mundo inteiro,
 E a voz longínqua do cancioneiro...
 E os que perderam a faculdade de escutar?
 Deixa-me por eles rogar...
 Eu sei que no Teu Reino voltarão a sonhar.

Obrigada, pela minha voz,
 Mas também pela voz que ama,
 Pela voz que canta,
 Pela voz que ajuda,
 Pela voz que socorre,
 Pela voz que ensina,
 Pela voz que ilumina...
 E pela voz que fala de amor,
 Obrigada, Senhor!

Recordo-me, sofrendo, daqueles
 Que perderam o Dom de falar,
 E o Teu nome siquer podem pronunciar!...
 Os que vivem atormentados na afasia,
 E não podem cantar nem a noite, nem ao dia...
 Eu suplico por eles,
 Sabendo que mais tarde,
 No Teu Reino voltarão a falar.

Obrigada, Senhor, por estas mãos que são minhas
 Alavancas de amor, do progresso, da redenção.
 Agradeço pelas mãos que acenam adeuses,
 Pelas mãos que fazem ternura,
 E que socorrem na amargura;
 Pelas mãos que acarinham,
 Pelas mãos que elaboram as leis
 E pelas que as feridas cicatrizam
 Retificando as carnes partidas,
 a fim de diminuirem as dores de muitas vidas!
 Pelas mãos que trabalham o solo,
 Que amparam o sofrimento e estancam lágrimas,
 Pelas mãos que ajudam os que sofrem,
 Os que padecem...
 Pelas mãos que brilham nestes traços.
 Como estrelas sublimes fulgindo nos meus braços!

... E pelos pés que me levam a marchar,
 Ereta, firme a caminhar;
 Pés da renúncia que seguem,
 Humildes e nobres sem reclamar.

E os que estão amputados, os aleijados,
 Os feridos e os deformados,
 Os que estão retidos na expiação
 Por crimes praticados noutra encarnação,
 Eu rogo por eles e posso afirmar,
 Que no Teu Reino, após a lida
 Desta dolorosa a vida,
 Poderão bailar,
 Em transportes sublimes com seus braços
 também afagar...
 Sei que lá tudo é possível
 Quando Tu queres ofertar
 Mesmo que na Terra pareça incrível!

Obrigada, Senhor, pelo meu lar,
 O recanto de paz ou escola de amor,
 A mansão de glória.
 O pequeno quartinho, o palácio, a tapera,
 o tugúrio, a casa de miséria.

Obrigada, Senhor, pelo amor que eu tenho,
 E pelo lar que é Meu...
 Mas, se eu sequer,
 Nem o lar tiver,
 Ou teto amigo para me abrigar,
 Nem outra coisa para me confortar,
 Se eu não possuir nada,
 Senão as estrelas e as estradas ,
 Como sendo leito de repouso e suave lençol,
 E ao meu lado ninguém existir, vivendo e chorando
 Sozinha; ao léu...
 Sem um alguém para me consolar,
 Direi, cantarei, ainda;
 Obrigada, Senhor,
 Porque Te amo e sei que me amas,
 Porque me destes a vida
 Jovial, alegre, por Teu amor favorecida...
 Obrigada, Senhor, porque nasci,
 Obrigada, Senhor, porque creio em ti.
 ... E porque me socorres com amor,
 Hoje e sempre,
 Obrigada, Senhor!

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