Noite Peregrina...
Quim Trovador
Poeta e Sonhador
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Peguei meu bordão de peregrino
Seco de tantos estios,
Que por ele passaram,
Inerte que esteve,
Durante tantos sóis e tantas luas ...
Nada levo sobre a carne nua,,.
Porque nasci !
E ninguém vem ao Mundo vestido !
Caminhei , sem Norte
Não havia Estrela Polar,
Nem Cruzeiro do Sul .
A Lua não era azul,
Mas brilhava como o Sol,
Tudo era novo ...
E, eu , crescia,
E à minha mente afluia ,
Sentimentos e emoções ...
Olhei-me e não gostei ,
E o Criador ,
De mim se compadece :
O bordão refloresce
E da videira que foi,
Uma parra brotou
E com ela meu pudor tapei .,.
Porque o fiz ?
Não sei !
Depois, vieram as heranças do tempo,
Do Tempo em que escrevia
E lia ...
Talvez o "Inferno", de Dante ,
Ou as "Viagens do Infante",
Lembranças do Mar ferido
Pelos remos da minha jangada ...
Ou da terra ofendida,
Pela palavra errada ...
Colhi letras esparsas,
Tentei fazer um poema ...
Faltava-me o tema !
Que pode um peregrino versar,
Com semelhante luar,
Com os “ais” do Mar
E da Terra ofendida ?
Nem tenho percurso de vida,
Porque mesmo agora nasci ,
E já envelheci ,
Tenho uma mão cheia de nada ...
Letras esparsas, que tento rimar,
Talvez com o verbo amar,
E com ele fazer um verso ...
Que seria controverso,
Porque amar é sofrer
E se acabo de nascer
E já envelheci ,
De tudo que conheci,
Neste Tempo sem tempo,
Também já o esqueci ...
Finda assim a noite peregrina,
Sem texto, sem rima ,
Sem nada !
É isso que sou,
Ou o que de mim restou ...
Um dia, renascerei ...
E direi tudo que sei ;
Porque me tornei peregrino .
Porque nunca fui menino ....
Serra Mãe, 8 de Maio de 2006
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