sábado, 24 de agosto de 2013

Cismas do Destino...Augusto dos Anjos

Cismas do Destino
Prostituição ou outro qualquer nome, 
Por tua causa, embora o homem te aceite, 
É que as mulheres ruins ficam sem leite 
E os meninos sem pai morrem de fome! 

Por que há de haver aqui tantos enterros? 
Lá no "Engenho" também, a morte é ingrata... 
Há o malvado carbúnculo que mata 
A sociedade infante dos bezerros! 

Quantas moças que o túmulo reclama! 
E após a podridão de tantas moças, 
Os porcos esponjando-se nas poças 
Da virgindade reduzida à lama! 

Morte, ponto final da última cena, 
Forma difusa da matéria imbele, 
Minha filosofia te repele, 
Meu raciocínio enorme te condena! 

Deante de ti, nas catedrais mais ricas, 
Rolam sem eficácia os amuletos, 
Oh! Senhora dos nossos esqueletos 
E das caveiras diárias que fabricas!

Augusto dos Anjos

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