sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Anti-Poema(poesia) Gabriel de Sousa

ANTI-POEMA
(poesia)
«Mais vale morrer de pé,
do que viver de joelhos»
DOLORES IBARRURI 

Rama Rema Rima Roma Ruma :
botas de soldados
que se aproximam uma a uma

Quem diz rama, diz quintal
Quem diz rema, diz mar
Quem diz rima, diz poema
Quem diz Roma, diz punhal,
Quem diz ruma, diz Polar

Se já não ruma,
se não é Roma
se já não rima
e se já não rema ...
... resta-lhe a rama

Se lhe faltam as estrelas, 
as armas e os poetas,
se não tem marinheiros ...
... restam-lhe os cravos

( Com as estrelas
ainda se poderia orientar, 
com os marinheiros
poderia navegar,
com os poetas
poderia ter canções ...
... mas só com cravos
não se fazem revoluções )

Rama Rema Rima Roma Ruma :
botas de soldados
que se aproximam uma a uma

Roma foi assim apunhalada
e a tristeza voltou à rua
pela mão de alguns soldados.
O povo ficou sem nada
mas a luta continua
com os punhos mais cerrados

Ruma Roma Rima Rema Rama :
botas de soldados
manchadas de lama

Gabriel de Sousa
(Novembro 1975)

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