quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ante(Visão) Gabriel de Sousa

ANTE(VISÃO)
(poesia)
Gabriel de Sousa

numa pedra branca e gelada recomecei a ver o mundo mas
sem olhos nem sensações. recordei um vibrar de corpo uma
estrela uma nebulosa um torpor o vácuo o deixar de
existir ou o existir sob outra forma. um gume afiado de estilete
mergulhado na escuridão sem fazer dor sem fazer sangue.
choros gemidos sussurros esbarrando na minha indiferença.

alma céu inferno que será tudo isto afinal se continuo
aqui a apodrecer com vermes passando e roendo e eu sem
os sentir ? cada vez mais leve leve como papagaio de criança
esvoaçando ao vento.

consigo estar presente onde não estou e ausente de onde me
encontro. consigo não ser não ser que é tudo porque ser é
quase nada.

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