Um Vento...Maria Kátia Saldanha

UM VENTO
Maria Kátia Saldanha

Um vento sem brandura

 Açoita uma vêz mais minha face

Brinca com maldade sobre passada dor

Lança ao vento falsidades desfolhando

Quem já em broto estava se formando

Fere as folhas com vento áspero de Árvores

que tentavam firmar raiz

Um vento tão agreste que arruina

Toda construção erguida de uma única e Amada raiz

Que tipo de atroz vento é esse

Retroagiando a um cruel passado

Rasgando a mesma carne?

Vento altivo, arrogante

Destruindo tudo que se encontra a sua Frente

com tal imperiosidade

Causando-me uma interna tempestade.

Passa com tal ferocidade que temo

Atingir algumas solitárias, mas, tão frágeis arbustos!

Vento ruidoso, ergueste seu próprio castelo de fantasmas ,

sinistras correntes que comumente tenta me aprisionar

nos seus tristes elos

Um vento, somente um vento

rumina entre um escaler seu ruido temporal ,

respigando em quem só almejava

vivenciar por meros segundo

uma serena e tranquila paz.

Vejo que este soturno vento sempre

conseguirá do eixo me tirar

Não temerei que tal vento possa em mim

outra cicatriz deixar

Mais jamais permitirei outras folhas

do meu bosque seu vento ferir

Ando oculta nos braços do tempo a te seguir

Seu traiçoeiro vento,

os rebaterei com elmos

que em mim tu mesmo no seu assanho o criaste

Seu vento vergou-me, creia, possso passar dias envergada ,

mais asseguro-te que irei erguer-me

Poderá mil tempestivos ventos lançar-me

Nada temerei minha raiz foi plantada com amor

e seu astuto vento perdeu-se ao longo deste tempo

Sinto que em breve seu frontal vento alcançarei e enfrentarei

E...retornarei a voar nas asas do vento

amávelmente brando

Resflorestando viçosamente as folhas

que com seu vento as quis mortas

Voarei nas asas do tempo e com a suavidade de livre vento nos braços do meu amado nova vida há de me permear

Reflito...se este vento foi criado com tanto amor,

porquê causa tanta dor!