UM SOM
Maria Kátia Saldanha
Maria Kátia Saldanha
Às vezes um som que só pertence aos bambuzais
Perpassam entre os arames farpados das moitas
deslizando tal uma onda sobre o vazio.
A vida abomina os gritos doridos da gula noturna
dos torpes olhos, que entranha nas venezianas
encravando nos sinistros mistérios.
Torres perdidas, cúpulas que ressoam largamente
os "ais" claudicantemente indesejados,
é um abismo os ecos desfeitos em lábios mortos,
impiedosamente mortos.
E seus gritos resistentes ressuscitam.
É uma ressonância transgressiva
que cruza o nada com dia algum , espera...
respingos, de uma talvez luz divina.
Tudo muito silencioso, plantam angustias
sem colheita, finamente imperfeita,
nada mais domina. Mas, há a noite
ilusão dos desesperos soltos, surdamente oco.
Já não existe atalhos, seus gritos ecoaram, ecoam
nas noites intermitentes.
E neste bambuzal de longevidade,
o vento ecoa seus afeitos gritos.
Que com seus acordes, sacode
as noites frias sem o céu presente.
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