domingo, 12 de agosto de 2012

Um Som...Maria Kátia Saldanha


UM SOM
Maria Kátia Saldanha

Às vezes um som que só pertence aos bambuzais
Perpassam entre os arames farpados das moitas
deslizando tal uma onda sobre o vazio.
A vida abomina os gritos doridos da gula noturna
dos torpes olhos, que entranha nas venezianas
encravando nos sinistros mistérios.


Torres perdidas, cúpulas que ressoam largamente
os "ais" claudicantemente indesejados,
é um abismo os ecos desfeitos em lábios mortos,
impiedosamente mortos.
E seus gritos resistentes ressuscitam.

É uma ressonância transgressiva
que cruza o nada com dia algum , espera...
respingos, de uma talvez luz divina.


Tudo muito silencioso, plantam angustias
sem colheita, finamente imperfeita,
nada mais domina.
Mas, há a noite
ilusão dos desesperos soltos, surdamente oco.
Já não existe atalhos, seus gritos ecoaram, ecoam
nas noites intermitentes.


E neste bambuzal de longevidade,
o vento ecoa seus afeitos gritos.
Que com seus acordes, sacode
as noites frias
sem o céu presente.

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