domingo, 10 de janeiro de 2016

Quando a Serra Mãe entristece ...Joaquim Oliveira Novembro 2011 — com Maria Do Carmo Cavalcanti.

Quando a Serra Mãe entristece...
Escorre lenta a neblina das arribas até à praia 
encobrindo teus contornos femininos, Serra Mãe,
tão triste como a tarde que precocemente envelhece ,
carpindo a ausência da auréola rubra do sol-pôr,
fugitivo da tristeza, fenecendo na salgada maresia.

Porque te cobres minha Serra de negros véus de viuvez ? 
Teus poetas, teus castos amantes deixaram de te cantar?
A Águia-Real, a Andorinha-do-mar deixaram de voar?
Nem sol-pôr, nem estrelas , nem luar me respondem.
Também perdi a rima, nas escarpas agrestes da triste vida,
contando minuto a minuto as horas pretéritas-imperfeitas .
Tantas trovas, poemas de amor e dor, ilusões desfeitas,
que o vento sueste colheu de meu caderno de poemas …
Versos diluídos no orvalho de lágrimas da eterna saudade,
carpidas novamente nesta tarde agoirenta, pardacenta,
em que de ti Musa e, de mim poeta, lentamente me despeço .

Escorre célere a nostalgia no denso e frio nevoeiro ….
Antes que a negra noite faleça , dá-me um abraço, um beijo,
enlaça-me nas ondas revoltas que rolam na areia da praia.
É meu único e último desejo: em tuas águas perecerem 
as mágoas do destino e dos amores perdidos, finalmente afogar .
Escorre lenta, dolorosamente lenta a nostalgia ...
Talvez volte um dia ! 
Numa tarde de nevoeiro,, com Sebastião, o Teu , Serra Mãe .
Sebastião da Gama , igualmente um Desejado .

Joaquim Oliveira Novembro 2011
— com Maria Do Carmo Cavalcanti.

Nenhum comentário:

Postar um comentário