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APPALOOUSA Maria Kátia Saldanha 12/12/2008 |
Num dorso de um appaloousa negro.
Com as crinas em direção
a terra mãe, é o que espero ser.
a terra mãe, é o que espero ser.
Solta ao mundo
em tons matizados,
sem cabrestos
a pastar.
Sonhos, quimeras
que tento ocultar
uma espera, um papel
anteriormente escrito,
tento esquecer.
Já domino, os maduros esconderijos.
Minha treva vem da alma.
Fácil é dissecar a dor em corpo.
Antevejo a submissão
dos abarrotados armazéns
disposto em cada caixa
o nome, atravancando o destino.
Na frontalidade aguçada
o appaloousa resfolega.
Uma resina em pó
volta em louvação
a "cela" morta que ceifei.
Sou célula perdida em corpo
galopante, que estábulos
não quer ficar, sou o coice
sem ferradura nos campos
elísios a pastar.
Não quero mais as sutilezas,
as guerras frias
as ardências das feridas,
que molhadas em águas salgadas,
ardem e não cicatrizam.
Quero voar,
nas asas negras da graúna,
que recolhem no dorso escuro
do meu alado cavalo
nos perdidos outonos, sou torrão de açúcar,
perdi a mão a regar sentimentos
irados,
das grosseiras trevas das florestas
pontilhão com dormentes adormecidos,
já não tenho coração
o estouro da minha infante manada cresceu como corcel
sou desgarrada appaloousa desenfreada.
Nada quero,
sem banho ao luar,
das frescas
águas ribeirinhas,
consentidas tardiamente
em baú vazio a soluçar,
corro léguas da
ampulheta resoluta,
sem vagar a areia fina
do desencontro,
encontrados tardiamente
anulação do atro fundo,
sem passageiros que as eras
das esperas esqueceu de implantar.
Corre...
além tempo das esferas conde cedentes.
Corre..
a brisa fresca nos espera
para deixar para trás a culpabilidade do nascedouro,
galopa sem ferraduras ou ferrão de marcação
segura tenazmente na crina e voa.
Sou terra,
sou mato,
sou liberdade sem rastros
Já não sou corpo.
Sou a libertária bem antes dos existentes
amarfanhados corpos.
Corre em vértice as areias do tempo
uma criança está a espera desta cavalgada louca
não há estribos, nem estribilhos, só o cantar infantil
dos templos saxão,
temos bom caminho a trilhar
nada mais preciso olhar,
meu olhos já não são cordeiros
olhos astutos das águias voam como a luz, desertora
da vida de longa dor.
Não há culpados nesta estrada trágica
somente nada resta,
paredes frias,
rachadas por mera maldade
a troco de um minguante nada.
Meu cavalo é pêlo suavemente agreste.
Nas linhas
por mim descritas nada apago,
pois tudo foi feito com o coração do amor.
Voaremos....
Sem antes
O depois.... é depositário.
Livre no dorso do appaloousa
Na terra mãe, vou apear
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